
MARJORIE Pinheiro, SP

Desenho sobre papel, 2015-2018
A MULHER NEGRA QUE SOU ANTAGONIZA A MULHER QUE ME VEEM, MULATA
Os vários tons da pele com o giz pastel tiveram dificuldade de se misturar, mas isso foi algo muito tentado durante o processo de criação. Fazer com que o desenho parecesse homogêneo, contudo existe uma divisão nítida entre os pontos de luz e a sombras que transmitem a ideia de um colorismo dentro de um único tom de pele. Os traços do rosto e olhar vago representam esse lugar em que a sociedade coloca uma mulher negra de traços "finos" como mulata e a carga dolorosa da sexualização e do termo. Mas nesse mesmo olhar há um desinteresse e a taça de vinho traz um sentido de liberdade de escolha sobre estar bebendo e sozinha, indo contra os lugares de mulata que a sociedade coloca essa mulher negra que traz no meio do peito a água dividida nos sentimentos que não podem ser expostos e por poder estar sozinha ou ter que ser, como felicidade, dor, mágoa. E por fim as folhas mostram que sozinha ela se conecta com a natureza e com o sagrado da solitude, o poder de permitir amar a própria companhia é ir contra a solidão que a deixa ser subjulgada pelo corpo que é visto pra ser sensual ou sem merecer ter a beleza reconhecida para outros, sendo somente a solidão um lembrete de que ali ela está sozinha porque deseja.